Flávia Rocha

To Manuel Bandeira | To Hilda Hilst | To Adélia Prado
April 24, 2016 Rocha Flavia

To Manuel Bandeira

 

The girls are still   a d o r a b l e

around here, rarefied in multiple drafts of air.

Well into post-feminism, the two-headed giraffe

insists on sinning with every cad, in many different ways,

like any badly fucked virgin (is that what you meant to say?)

And all the little darlings the girl

is or is not fail to be adorable. Everything is fine.

I thought I should tell you.

 

 

As meninas continuam   a d o r á v e i s

por aqui, rarefeitas em múltiplas correntes de ar.

Em pleno pós-feminismo, a girafa de duas cabeças

insiste em pecar com os malandros, de todas as maneiras,

como qualquer virgem mal-sexuada (é assim que se diz?)

E todas aquelas bizurunguinhas que a menina

é ou não é deixaram de ser adoráveis. Tudo corre bem.

Achei que devia te contar.

 

 

 

To Hilda Hilst

 

The unbearable blue

in the blue marble table: aesthetic

and lyrical. Nun, dressed in black,

hands stretched on the water table

in that blue maze, you lower the inhabited cleavage,

reveal a shoulder. From the platform,

the madman sees only an undeserving woman

on a moving train. We all stand within this woman.

 

 

O azul insuportável

na mesa de mármore azulado: estetizante

e lírico. Monja, vestida de negro,

as mãos estendidas sobre a mesa das águas

no labirinto azul, você desce o decote desabitado,

mostra a omoplata. Da plataforma,

o louco vê apenas uma mulher desmerecida no trem

que passa. Nós todas de pé nessa mulher.

 

 

 

To Adélia PradoTo Adélia Prado

 

This silly crazy thing, wattles and combs,

immoral, loose. Tall among the grass.

To discuss your syntax is to refuse to scale

the inexorably grimy fish, through the night, in the dark sites

of a kitchen with no walls. Mixed like the pain

that begins to leave. Broken like the keychain

circling your finger. Curved like women in radiant days,

the sun continually rising.

 

 

Essa coisa deliciosa e doida, barbelas e cristas,

imoral, solta. Alta no meio da grama.

Discutir a sua sintaxe é recusar a descamar o peixe

destinadamente sujo, noite adentro, nos sítios escuros

de uma cozinha sem paredes. Mista como a dor

que começa a sumir. Quebrada como penca de chaves

rodando no dedo. Curva como mulher em dia radioso,

constantemente amanhecendo.

 

Flávia Rocha is a Brazilian poet, editor and journalist. She is the author of three poetry books: A Casa Azul ao Meio-dia (2005) and Quartos Habitáveis (2011) and Um País (2015), all published in Brazil. She holds an M.F.A. in Writing from Columbia University, and for 13 years was an editor, then editor-in-chief for Rattapallax, a literary magazine featuring contemporary American and International poetry. She co-wrote the screenplay of Birds of Neptune, an independent feature film by Steven Richter that premiered at the Slamdance Film Festival this year and won Best Dramatic Feature at the Arizona International Film Festival 2015.